segunda-feira, dezembro 13, 2021

Revista Em tempo de Histórias - "Festas e festividades na história" - Até 28/02/2022

Nome da Revista: Revista Em tempo de Histórias

Classificação: B4

Dossiê Temático: "Festas e festividades na história"

Prazo: 28/02/2022

Titulação: pós-graduados ou pós-graduandos.

Link para a chamada: clique aqui


Texto da chamada


Organizadores: Prof. Dr. Milton Araújo Moura (UFBA) e Profa. Dra. Miranice Moreira da Silva (UNEB)

Prazo de submissão: 28 de fevereiro de 2022.

As festas e festejos de muitos e diferentes tipos, encontrados em todas as sociedades, são práticas que constituem o cotidiano das pessoas e grupos enquanto linguagem, como podemos observar em registros histórico desde os períodos mais remotos. Através dessas manifestações, os sujeitos se comunicam e fazem circular suas percepções de mundo, constroem sociabilidades e experimentam sensibilidades. Nessa perspectiva, os estudos de festas e festejos dedicam-se a pensar também o implícito, o simbólico, os elementos que compõem imaginários de quem festeja e representações do que é festejado. Isso perpassa a historicização de quem festeja e de como e onde se festeja. Conforme Maria Clementina Cunha (2001), pensar as festividades não é algo que reduz aos eventos em si, mas das pessoas que festejam. As diferenças e antagonismos se encontram, pensados em termos de classes sociais, etnicidade ou relações de gênero. Isso significa que não há suspensão dos conflitos. Nas palavras de Bakhtin (2013), trata-se da teatralização da vida ao reverso; é o mesmo mundo que se comemora, com a diferença de que isto acontece em modo festivo. Numa mirada bakhtiniana, a festa revela inúmeras formas e manifestações, deixando transparecer os desejos e anseios dos sujeitos, inclusive – e sobretudo – aqueles que não emergem nos dias considerados normais. Assim, propomos reunir trabalhos que pensem essas comemorações numa concepção de história social da festa, que pode ser considerada um modo de fazer história social, como uma sinédoque da sociedade. Tratar-se-ia, assim, de uma aproximação de lente, para que a festa possa falar não apenas por si mesma, pelos eventos de sua extensão e duração, como também de tudo que recapitula, densifica e expõe, em linguagem que pode ir do lúdico ao fúnebre, do cívico ao revolucionário, do respeitoso ao irreverente, havendo interseções e oscilações entre a predominância de um polo ou outro desses binômios. Em alguns estudos de fôlego, como o de Ladurie (2002), isto resulta muito nítido. Uma dimensão relevante da festa é o modo como são reorganizados os tempos e os espaços na sua duração, como assinala Baroja (2006). Com efeito, numa ocasião festiva, ocorrem mudanças na ocupação dos espaços físicos por diferentes setores da respectiva sociedade. Em contrapartida, o tempo que uma presença pode perdurar em determinado lugar na vigência da festa pode variar consideravelmente, observando-se mudanças na permanência de indivíduos de diferentes extrações sociais em determinados espaços. Enfim, tempo e lugar podem se reconfigurar significativamente nessas ocasiões, permitindo não somente compreender os mecanismos e logísticas próprias da festa, como da própria normalidade de que a festa seria um contraponto, ao mesmo tempo que uma complementaridade. As sociedades festejam, articulam sentidos e representações de si mesmas e pensam as festas a partir de lugares sociais; essas práticas permitem imprimir, disputar e negociar memórias e expectativas. No âmbito dessa lógica, é possível compreender os movimentos da História e os imaginários de sociedade a partir do estudo das festividades. Além disso, as formas de fazer, os usos dos espaços, o jeito de estar no mundo revelam os imaginários que constroem, muitas vezes, projetos de sociedades. Assim, com a proposta do dossiê Festas e Festividades, desejamos contribuir para interpretar os mundos a partir das festividades que organizam.

 

Referências:

BAKHTIN, Mikhail M. Cultura popular na Idade Média e no renascimento: o contexto de François Rebelais. São Paulo: HUCITEC, 2013.

BAROJA, Julio Caro. El Carnaval. Análisis histórico-cultural. Madrid, Alianza Editorial, 2006.

CUNHA, Maria Clementina. Ecos da Folia. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

LADURIE, Emmanuel Le Roy. O Carnaval de Romans. Da Candelária à Quarta Feira de Cinzas, 1579-1580. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

 

- Dos textos aprovados pelos/as pareceristas, serão selecionados até 25 para a composição do dossiê;
- Os/as autores/as deverão observar criteriosamente as instruções de formatação de artigos. Textos que estejam em desacordo com as normativas da revista serão rejeitados.