quinta-feira, fevereiro 04, 2021

Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde - "Dossiê Feminismos: perspectivas em comunicação e informação em saúde" - Até 03/03/2021

Nome da Revista: Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde

Classificação: B1

Dossiê Temático: Dossiê Feminismos: perspectivas em comunicação e informação em saúde

Prazo: 03/03/2021

Titulação: Não informada.

Link para a chamada: Clique aqui

A saúde da mulher é concebida de maneira controversa. De forma restrita, o entendimento pelo viés da biologia e da anatomia do corpo aprisiona a mulher na função reprodutiva, limitando-se à saúde materna; de forma ampliada, dialoga com direitos humanos e cidadania, evocando questões de gênero que fomentam a luta por direitos sexuais. As recentes campanhas e conquistas pela descriminalização do aborto, como a que assistimos na Argentina e na Coreia do Sul, tinham como lema frases que articulam essas abordagens: “educação sexual para decidir”; “contraceptivos para não abortar”; “aborto legal para não morrer”.

Lutas como essa mostram que saúde e doença são processos cujos contextos específicos dão a ver sociabilidades, diferenças de classe, fatores econômicos, práticas culturais e historicidades. A dinâmica social das relações de gênero nos expõe a diferentes situações de sanidade, sofrimento, adoecimento, cura e morte. 

Isso explicita a fundamental importância que o pensamento feminista tem no campo da saúde, ao introduzir nas agendas das políticas públicas questões antes restritas ao privado e à intimidade. Incorporadas e amplificadas pela mídia, essas manifestações fazem uso da comunicação como estratégia para a transformação.

Delimitando campos de atuação e produzindo materialidades, desequilíbrios e desigualdades de gênero se refletem na produção de discursos e representações postas a circular em diferentes linguagens e meios. Mídia tradicional, redes sociais e plataformas digitais adensam a produção de sentidos dissonantes: ao mesmo tempo em que trazem à tona o controverso imaginário brasileiro em relação ao corpo da mulher, colocam em pauta as particularidades dos diferentes grupos populacionais de mulheres e os contextos nos quais elas estão inseridas. 

Como padrões hegemônicos de feminilidade ainda são amplamente disseminados e ratificados nos espaços midiáticos, narrativas e imagens sobre as mulheres geram sofrimento, doença e morte, o que ressalta a importância das reivindicações feministas É preciso reclamar a condição da mulher como sujeito de direito no que se refere aos ciclos biológicos (menarca, fertilidade e menopausa), à vida sexualmente ativa (métodos contraceptivos, prevenção de ISTs e reposição hormonal), aos direitos reprodutivos (métodos contraceptivos, descriminalização do aborto, violência obstétrica e fertilização assistida), à prevenção de doenças (câncer de mama e cérvico-uterino), ao bem-estar emocional e psíquico (depressão, consumo excessivo de fármacos e patologias de autoimagem) e ao acolhimento emergencial (violência doméstica e de gênero, estupro e tentativas de feminicídio).

Em sinergia com o pensamento feminista, ações e processos de comunicação são de fundamental importância para construção de redes de discussão e disseminação de informações que objetivem a conscientização cidadã. Pautados pelas lutas universais das mulheres por direitos civis, direito ao saber e à informação, direitos políticos, direitos ao trabalho e, fundamentalmente, direito ao próprio corpo, os feminismos estabelecem, a partir das singularidades das experiências interseccionais, espaços de multiplicidade e novos protagonismos, além da partilha de experiências e aspirações de transformação social. 

Assim, a partir de abordagens que indaguem a relação de feminismos, comunicação e informação em saúde, este dossiê da Reciis irá privilegiar propostas de artigos originais relacionadas a resultados de pesquisas científicas que analisem os modos de viver, curar, adoecer e morrer das mulheres, considerando os seguintes eixos temáticos:

articulações entre comunicação, cultura e mídia nos processos de saúde e adoecimento de mulheres negras; apropriação midiática pelas indígenas mulheres e circulação dos saberes tradicionais femininos sobre saúde; produção de sentido sobre marcos históricos em políticas públicas para a saúde das mulheres; redes e plataformas de informação sobre saúde das mulheres; campanhas publicitárias e agendamento jornalístico sobre saúde das mulheres; cultura do estupro e espetacularização da violência nas narrativas midiáticas; estereotipização dos corpos femininos, padrões hegemônicos de beleza e suas articulações com o adoecimento e o envelhecimento; idealização da maternidade e violência obstétrica nas representações audiovisuais; estratégias de comunicação e informação na disseminação dos direitos reprodutivos e na luta pela descriminalização do aborto; lugares de fala das mulheres e midiatização terapêutica das experiências; produção de pânico moral e discurso midiático sobre sexualidades femininas; discurso misógino, suas imbricações com a religião e a saúde mental das mulheres; formas de comunicação e resistência engendradas por grupos de mulheres estigmatizadas; linguagens e interseccionalidades na produção de conteúdo sobre a saúde das mulheres.

Editoras convidadas: Flávia Leiroz e Patrícia D’Abreu. 

Prazo de submissão: até 03 de março de 2021. 

Publicação: maio de 2021. 

Ao submeter o trabalho, por favor, use a categoria Dossiê Feminismos: perspectivas em comunicação e informação em saúde.