Nome da Revista: Antropolítica
Classificação: A2
Dossiê Temático: "Um mundo em recomposição: uma análise antropológica das novas formas de regulamentação e certificação dos objetos na contemporaneidade"
Prazo: 05/02/2021
Titulação: autoria de, ao menos, um doutor
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Texto da chamada
Chamada para Dossiê "Um mundo em recomposição: uma análise antropológica das novas formas de regulação e certificação dos objetos e pessoas na contemporaneidade"
Neste dossiê iremos recepcionar pesquisas qualitativas e, especialmente, artigos etnográficos que coloquem sob descrição e análise os mecanismos de controle, certificação e reconhecimento dos bens materiais e humanos nas sociedades contemporâneas por meio de novas formas de classificação existentes atualmente. Nossa intenção consiste em reunir um conjunto de papers, produto de pesquisas empíricas, que contribuam para a compreensão das características emprestadas aos procedimentos de estandartização, que compreendem processos de qualificação e definição de critérios de acesso e organização do espaço público, de regulação do conhecimento científico e/ou dos conhecimentos de outra natureza, no universo da justiça, nas políticas públicas de meio ambiente, segurança pública, educação, dentre outros. Visamos com este dossiê refinar o entendimento acerca desses processos de normatização pretensamente universais, mas que olhado do ponto de vista etnográfico revelam nuances significativas quanto aos aparatos mobilizados pelos atores nestas práticas e dinâmicas regulatórias. No entanto, na tentativa de padronização dos mecanismos e critérios de conformação destas arenas públicas, o olhar antropológico se apresenta como uma ferramenta fundamental para avançar em direções que permitam desvelar as diferentes articulações, adequações, composições, ressignificações acerca dessas normatividades estandartizadas, uma vez que mesmo fazendo parte de um processo de padronização que se impõe, moldando formas de regular de diferentes esferas da vida social, ele também tem potencial de elaborar controvérsias envolvendo grupos que criam críticas e justificações para aderir, denunciar, se reapropriar a partir de seus próprios esquemas cognitivos e culturais.
A conformação de regimes normativos, políticos e simbólicos caracteriza o universo da “governança pela norma” em diferentes dimensões, seja na ciência através dos processos nas dinâmicas de produção, reprodução e consagração do conhecimento ou na criação de critérios avaliativos e qualificadores; na organização estética e de ocupação das cidades; na regulação do meio ambiente e seu acesso; do conhecimento tradicional; nas transformações no sistema de justiça, na criação de modelos de qualificação de “novos Mercados”(sustentáveis, étnicos, culturais, etc.), entre outros.
Outro aspecto que se destaca nesse processo é a consolidação de critérios que concedem legitimidade e parâmetros de controle, que se inserem em uma cultura de auditoria, onde tudo é passível de ser avaliado. A (não) adequação gera inclusão e exclusão de países num cenário democrático, através da qual produziria instrumentos que possibilitem a transparência, gerando responsabilização ou accountability, proveniente de uma moral neoliberal que cria protocolos de gestão e controle das coisas e das pessoas.
As perguntas que nos guiam são: como são construídos os (des) acordos? Como são negociados e criados esses parâmetros de controle e avaliação? Como distintos grupos acionam e operacionalizam esses critérios em diferentes instâncias? Quais sentidos de justo, cidadania e igualdade são acionados e em que situações? O que esse processo nos informa sobre mecanismos de controle burocrático? Como instituições burocráticas e, consequentemente os atores que as integram, colocam em prática esses instrumentos de controle, regulação e avaliação? Quais novos “espíritos do capitalismo” se colocam no mundo atual ? No mundo pós COVID 19, quais transformações se engendram na tentativa de padronizar e normalização dos corpos e condutas ?
Assim, propomo-nos a receber textos etnográficos que contemplem e ampliem estas discussões, reunindo trabalhos que abordem: 1) os aspectos contextuais da construção destas formas padronizadas de governança; 2) as práticas dos atores que compõem essas arenas públicas; 3) a descrição de controvérsias que tangenciem a temática do dossiê; 4) processos de construção de critérios e parâmetros avaliativos de classificação e qualificação da ciência e de conhecimentos de outra natureza; 5) os diversos modos de fazer ciência e de reconhecer (ou não) a legitimidade de outras formas de produção do conhecimento; 7) a organização da cidade e da ideia de urbano; 8) produção de novos mercados padronizados; 9) regulação do meio ambiente e seu acesso; e 10) modelos de justiças.
Os artigos devem ter autoria de, ao menos, um doutor, e serão submetidos à avaliação às cegas de pareceristas externos, atendendo à política da revista. Para dar conta da diversidade de abordagens teóricas e metodológicas dos diferentes campos empíricos e problemáticas a serem debatidos, serão aceitos preferencialmente artigos das áreas de Antropologia e Ciências Sociais, observados os parâmetros de exogenia em relação à UFF.
Organizadores: Fabio Reis Mota (UFF), Manuela Vieira Blanc (UFES), Hully Guedes Falcão (UFF) e Gabriela Cuervo (UFF).
Prazo: 05/02/2021.
OBS: indicar nos comentários aos editores que a submissão é para o Dossiê.
As contribuições podem ser enviadas até 20 de janeiro de 2021 pelo sistema eletrônico da revista: https://periodicos.uff.br/antropolitica/about/submissions#onlineSubmissions
As normas para submissão dos textos são as mesmas válidas para artigos e encontram-se disponíveis em: https://periodicos.uff.br/antropolitica/about/submissions#onlineSubmissions