Nome da Revista: Revista ex aequo
Classificação: B4
Dossiê Temático: "Diálogos Feministas sobre Masculinidades: Experiências, Desafios e Horizontes"
Prazo: 04/01/2021
Titulação: não informada
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Texto da chamada
Diálogos Feministas sobre Masculinidades: Experiências, Desafios e Horizontes
APELO A CONTRIBUTOS/CALL FOR PAPERS
Editoras:
Bakea Alonso Fernández de Avilés - Coordenadora da Área de Igualdad y no Discriminación de Fundación CEPAIM, España).
Tatiana Moura – Investigadora Sénior do Centro de Estudos Socias da Universidade de Coimbra; Coordenadora do Promundo-Portugal (https://www.ces.uc.pt/pt/ces/pessoas/investigadorases/tatiana-moura)
Data de Submissão – 4 de janeiro de 2021
(a publicar em junho de 2021)
APRESENTAÇÃO
O conceito de masculinidade, ou masculinidades, não é um conceito estático, e está em constante evolução, referindo-se às várias formas em que a masculinidade é socialmente definida através de contextos históricos e culturais, bem como às diferenças de poder existentes entre as diferentes versões de masculinidade.
São, no entanto, as consequências da definição de masculinidade – historicamente rígida e hegemónica – que levaram a que, nos últimos anos, tenham surgido novas abordagens e propostas da sua re-definição.
As análises iniciais sobre masculinidades tiveram como objecto central a crítica às estruturas rígidas do poder patriarcal, problematizando esta construção social enquanto a fonte da opressão, obstáculo à liberdade de escolha e emancipação das mulheres. À medida que o campo de pesquisa se ampliou, no entanto, as perspectivas também se expandiram: deixaram de se centrar exclusivamente na opressão e violência contra as mulheres para passarem a reconhecer os efeitos negativos que a construção social da masculinidade patriarcal tem também em homens. Passaram, além disso, a incluir componentes intersecionais, reconhecendo que existe uma hierarquia profundamente enraizada em termos de privilégio masculino, em termos de raça, classe, nacionalidade, orientação sexual, etc.
Estas abordagens marcaram um ponto de viragem no movimento de luta pela igualdade de género, deixando de considerar os homens apenas como agressores e/ou estando num campo diametralmente oposto ao das mulheres, para se se passar a considerar os homens enquanto aliados que também podem ser prejudicados pelos papéis de género rígidos sem, contudo, esquecer os privilégios ainda ostentados pelo sexo masculino.
É importante considerar como a construção de masculinidade(s) varia através de diferentes culturas e fronteiras geopolíticas, bem como verificar como essas diferenças se reflectem nas pesquisas globais e políticas públicas. Enquanto no Sul a prevenção de violência de género passou, durante um tempo, pela transformação de atitudes masculinas em relação à saúde sexual e reprodutiva, no Norte a prioridade passou pela promoção e alteração de políticas públicas sobre licença de paternidade, promovendo o cuidado e a não violência.
Pesquisas mais recentes, levadas a cabo ao longo das últimas duas décadas, reafirmam a multiplicidade e maleabilidade das masculinidades tanto no tempo quanto no
espaço. São cruciais os esforços para compreender esta construção social, e reconhecer as suas pressões e consequências, que se manifestam tanto na vida de homens quanto de mulheres.
Atualmente, num contexto de crise global, torna-se evidente a centralidade do estudo das masculinidades e suas transformações para uma compreensão abrangente e rigorosa dos impactos de género da crise. E é-o ainda mais se analisarmos a forma como as atitudes, práticas e decisões políticas legitimadas por entendimentos patriarcais sobre masculinidades têm afetado recentemente o mundo, com expressões visíveis atualmente.
O objetivo central deste dossier temático é o de reunir as principais experiências, propostas e debates sobre o trabalho de transformação de masculinidades a partir de uma perspetiva interdisciplinar feminista e a partir do olhar e experiências de mulheres investigadoras e ativistas nos seguintes, entre outros possíveis, tópicos:
- Juventude e masculinidades/trajetórias não-violentas;
- Paternidade e Cuidado
- Prevenção de violência de género
- Cultura, arte e performatividade
- Media e masculinidades
- Políticas Públicas e masculinidades
- Homens e Feminismo
- Estudos de Masculinidades