Nome da Revista: Perspectiva filosófica
Classificação: B2
Dossiê Temático: “Filosofia e Arte Contemporânea”
Prazo: 31/05/2021
Titulação: apenas artigos de Doutores/as e de pós-graduandos/as em nível de Doutorado
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Texto da chamada
Chamada de Artigos: Dossiê temático sobre Filosofia e Arte Contemporânea
Em 1972 é publicado o famoso ensaio de Leo Steinberg, Reflexões sobre o estado da crítica, no qual o crítico e historiador das artes visuais realiza um esforço intelectual em pensar sobre a produção artística da primeira metade do século XX para além do entrincheiramento teórico formalista de Clement Greenberg e sua superestimação do expressionismo abstrato estadunidense. Personagens relevantes da história da arte ocidental recente, como Duchamp e Rauschenberg, haviam sido convenientemente esquecidos por Greenberg e são recuperados por Steinberg com o objetivo contundente de apresentar a profunda limitação do pensamento greenberguiniano e sua geração de uma imagem distorcida tanto da modernidade artística, quanto do estado das artes visuais na contemporaneidade.
Os ready-mades de Duchamp e a nova superfície (não mais planar, formal, mas fenomenológica, exibidora de mundos) de Rauschenberg aparecem enquanto paradigmas, modelos exemplares, de uma arte desinteressada das questões formais e gestuais do suporte pictórico tradicional e capaz de assentar, assim, as condições de possibilidade para o que se convencionou chamar de arte conceitual – marca indelével, mas não essencial, nem totalizante, da contemporaneidade nas artes.
A filosofia, por desconforto diante dos contraexemplos concretos que tais trabalhos representaram em relação às teorias e definições canônicas de arte ou por desinteresse em relação ao contexto vivo das artes visuais, refugiou-se convenientemente num retorno ao clássico (como fez Heidegger) ou numa sobrestimação do modernismo planar da expressividade não-figurativa (como fizeram Fried e, em certo sentido, Cavell). O trabalho filosófico de Arthur Danto é, claramente, uma exceção ao desconforto e ao desinteresse. Ainda resta, no entanto, que a filosofia ouse pensar com cuidado e com pluralidade sobre a arte contemporânea e, especialmente, a conceitual, especulando sobre seus sentidos e intenções, seu lugar na cultura e na vida atuais e sobre os objetos e processos artísticos contemporâneos que desafiam e inquietam o olhar filosófico. No Brasil particularmente, a filosofia aqui produzida, quando se interessa por arte, fala pouco sobre a imensa relevância de artistas como, para citar alguns exemplos, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Anna Bella Geiger, Regina Silveira, Paulo Bruscky, Nelson Leirner e Cildo Meireles.
Esse dossiê temático é um convite para que a arte contemporânea seja pensada em termos filosóficos plurais e cooperativos com a crítica, a teoria da arte e, sobretudo, com a produção artística. Trata-se de um dossiê misto, com contribuições de pensadores e pesquisadores estabelecidos, mas também com contribuições abertas e inéditas de pesquisas ainda em desenvolvimento por acadêmicas e acadêmicos brasileiros.
As contribuições podem ser enviadas até 31 de maio de 2021 pelo formulário de submissões on-line da Revista, na aba “Dossiê temático Filosofia e Arte Contemporânea”
Informações e dúvidas: guimautone@gmail.com